Flores de Outubro – Rosemere Borges

Flores de Outubro

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Engraçado como a vida prega peças na gente, mas engraçado ainda como a gente acaba caindo sem perceber e transformando tudo, exatamente tudo que parecia simples em coisas complicadas, meu nome é Fernanda e eu me apaixonei, sim eu me apaixonei, mas não foi bem aquelas paixões de novela que você tá sempre na expectativa de que tudo termine bem. Na verdade eu acho que seria mais um seriado daqueles bem estranhos aonde um episódio parece não estar conectado com o outro, sempre achei que se apaixonar fosse a coisa mais simples do mundo, mas a verdade é que nunca foi aliás acho que a única coisa mais complicada que se apaixonar foi assumir para meus pais que eu não era bem a menininha que casaria e daria a eles uns 3 netos, pelo menos não do modo que eles esperavam que fosse.

Meu nome é Fernanda, tenho 24 anos, mas todos dizem que pareço ter menos, tenho um péssimo senso de humor e quase sempre você vai achar que estou com raiva e não vai se aproximar de mim porque sentirá medo da minha fisionomia. Mas na verdade eu sou uma pessoa bem legal, só não acho graça das coisas que todos acham. Impressionante como o amor transforma os diferentes em comuns, e foi assim que eu descobri que apesar de toda a minha falta de humor eu era igual a todas as outras pessoas quando se apaixonam.

Já sei, você deve estar se perguntando, qual o nome dele? Como ele é? Bom o nome dela era Julia, sim eu sei que nesse momento você se assustou e pulou da cadeira, ou de onde estiver sentada, meus pais também reagiram assim, mas já falei disso lá em cima, então não percamos tempo com tanta futilidade. Julia era uma colega de faculdade tão indecisa quanto eu, digo isso porque nunca consegui saber o que teria acontecido entre a gente se eu tivesse tido coragem de dar o primeiro passo. Desde a primeira vez que a vi pensei um milhão de vezes em como seria se eu estivesse com ela se namorássemos, mas nunca tive coragem de dar uma palavra sequer. Falta de coragem impede muitos sonhos de acontecerem, é ruim dizer isso, mas é a verdade, perdemos muito tempo.

Todos os dias quando eu chegava na faculdade eu me preparava para dizer a ela o que eu estava sentindo, mas não saia uma palavra, eu tinha medo de muitas coisas, medo de dizer e ser rejeitada, ignorada, ostentada. Eu tinha todos os medos que eu dizia não ter. Porque temos tanto medo do que as outras pessoas vão pensar?

Porque tanto medo do que a sociedade vai dizer? Porque temos que viver condenados ao que parece normal? Não sei, mas o que sei é que estava bastante difícil pra mim dizer algo. Julia sempre falava comigo, as acho que ela sofria de bipolaridade, porque um dia ela estava muito sorridente e no outro parecia me ignorar como se não quisesse assunto algum comigo, então eu sentia um forte rejeição e resolvia desistir de tudo. Acho que em três meses eu desisti umas noventa vezes de tentar dizer alguma coisa.

Desistir, guarde essa palavra e depois apague-a de sua mente! Três meses se passaram nessa mesma situação, eu não suportava mais, era como se algo dentro de mim gritasse “Eu te amo”, mas aquele velho e já conhecido bloqueio social não me deixasse dizer, impressionante como lutamos a vida inteira por direitos iguais, mas somos diferentes para nós mesmos. Julia e eu  fazíamos todos os trabalho da faculdade juntas, íamos a quase todos os lugares juntas, almoçávamos juntas, e mesmo assim eu não encontrava um espaço sequer para dizer a ela sobre o que estava acontecendo comigo.

Você pede coisas quando reza e quase sempre Deus te dá oportunidades de conquistar tudo que pediu, mas você não percebe e desperdiça tudo, então acha que não está sendo ouvido e começa a pedir tudo novamente, imagino que tenha sido assim comigo. Éramos um grupo de quatro amigas na faculdade, e quase sempre fazíamos tudo juntas, Julia estava nesse grupo como já disse, e foi numa sexta feira que marcamos de ir ao cinema, as quatro. A oportunidade: as outras duas meninas me ligaram dizendo que não poderiam ir. Pensei em ligar para Julia e avisar, mas sabia que se eu fizesse isso ela também cancelaria e eu terminaria meu fim de semana sozinha num cinema comendo uns dois quilos de pipoca, então decidi deixar acontecer e depois de duas horas de espera Julia finalmente chegou.

Nos cumprimentamos como se fossemos duas estranhas, mas depois de quinze minutos já estava tudo bem, para meu espanto ela não se importou de estar sozinha comigo no cinema, assistimos ao filme, andamos como quem não quer nada, e no fim da noite eu finalmente tomei coragem de dizer o que estava sentindo, mas não consegui, minhas palavras travaram. Minha atitude sumiu novamente como acontecia quase todos os dias. Ela me olhava como se soubesse que eu queria dizer alguma coisa, mas não forçava nada. O telefone dela tocou e ela pediu licença para atender, eu claro concedi. Peguei o copo de refrigerante e comecei a beber como se não houvesse nada errado naquilo tudo. Ela falou rapidamente e desligou o telefone como se estivesse com pressa me deu um beijo no rosto e disse que ir. Foi o que eu disse das oportunidades. Muitas coisa poderia ter sido diferente se eu tivesse tido coragem, acho que eu estaria mais feliz hoje.

Depois de três anos de faculdade, eu ainda mantinha dentro de mim o mesmo sentimento por Julia, meu coração ainda acelerava quando ela passava, as minhas sensações eram exatamente as mesmas, inclusive a sensação de não saber o que dizer, eu só precisava de mais uma oportunidade, e tive. Haveria uma excursão na faculdade, iriam todos passar o fim de semana num sítio, para mim aquela era a oportunidade perfeita para me aproximar dela e dizer tudo de uma vez. Era outubro no Rio de Janeiro, iríamos viajar para Paraty uma cidade o interior do Rio, muito bonita por sinal, recomendo a todos, arrumei minhas malas com muita felicidade e ansiedade de ter Julia ao meu lado, liguei para as outras meninas e marcamos na frente da faculdade com o resto da turma.

Esperamos por bastante tempo, mas o ônibus tinha que sair, Julia não deu nenhum sinal, ela simplesmente não apareceu, fiquei bastante nervosa com a situação, afinal um dia antes ela havia dado garantia que iria. Peguei o celular e resolvi ligar, mas antes que eu discasse, uma chamada recebida apareceu no meu visor, era Julia. Atendi o celular com um pouco de arrogância, detesto que me deixem esperando, até pensei em dizer umas coisas pra ela nada boas, mas ela falou antes de mim que não poderia ir a viagem porque teve uns problemas pessoais, naquele momento tive vontade de desistir e voltar pra casa, mas eu ja tinha pago a viagem e desperdiçar dinheiro não faz muito o meu tipo, então apenas agradeci e desliguei o telefone como se nada tivesse acontecido.

Durante dois dias não consegui aproveitar nem metade da viagem, Julia não saia da minha cabeça, meus colegas da faculdade estava super felizes aproveitando cada cantinho do sítio em Paraty, mas eu não reagia a nada, só pensava nela em porque eu tinha a sensação de que ela também me amava, mas não dizia, porque tanto medo ? Não sei explicar como, mas de repente toda aquela dúvida se transformou em coragem. Arrumei minhas cosias e decidi voltar pra casa e dizer tudo o que eu sentia, decidi tomar uma atitude radical, assim fosse do jeito que fosse, não voltaria mais atrás. Saquei minhas últimas economias em um caixa eletrônico, entrei em uma loja de doces comprei uma rosa e uns chocolates, juntei tudo numa sacola, me despedi do pessoal da faculdade e decidi ir embora por conta própria.

Peguei o ônibus das nove da noite, a viagem seria longa, entrei no ônibus apenas pensando nela e em como seria bom se ela dissesse sim, como seria bom se ela também me amasse. Liguei para o celular dela e disse que estava voltando, não disse que era por ela, apenas disse. Ela deu uma gargalhada alta e disse que estava feliz que eu estava voltando, não entendi bem porque, mas foi exatamente o que ela disse, isso me empolgou de que poderia dar certo ela desligou o telefone e disse que me buscaria na rodoviária. O ônibus fez algumas paradas e em todas elas a única coisa que eu sabia fazer era pensar nela, a cada pensamento eu a sentia mais perto, eu podia sentira respiração dela ao meu lado, nunca me senti tão perto de realizar o desejo de anos. Não parecia mais tanta insensatez acreditar que ela também podia me amar.

Coloquei meu fone de ouvido e encostei a cabeça para tentar dormir um pouco em meio a tantos pensamentos, Outubro sempre foi um mês de chuvas que começam do nada e terminam do nada, mas aquele dia a chuva estava apertada e já durava umas duas horas, resolvi dormir um pouco para ver se isso encurtava a distância entre Julia e eu. Eu dormia e acordava de tanta ansiedade. Ainda estava tão distante eu não via a hora pensava nela como se fosse a última vez que iria vê-la.

Eu só queria mostrar pra ela que poderia fazê-la feliz, eu pensava mil coisas que poderia dizer a ela, me perdi em tantos pensamentos, que mal percebi um forte barulho, imediatamente tirei o fone de ouvido e tentei levantar, mas não consegui fui lançada contra a parede do ônibus, minha mochila caiu por cima de mim e a rosa com os chocolates que comprei foram lançados longe eu não fazia ideia do que estava acontecendo as pessoas no ônibus gritavam e eu novamente fui lançada, senti o ônibus girando e mais barulhos, parecia uma eternidade de acontecimentos, mas na verdade tudo isso deve ter acontecido em menos de três minutos.

Quando me dei conta estava presa nas ferragens do ônibus olhei para frente e vi meu celular e a rosa que eu daria a Julia, eu estava sem forças e não conseguia sentir meu corpo, tive a sensação de que estava escurecendo tudo em volta de mim, agarrei a rosa e uma lágrima caiu do meu olho como se fosse natural, estava escurecendo ainda mais e cada vez mais eu sentia fraqueza, tentei alcançar meu celular e quando finalmente consegui ele tocou Julia havia enviado uma mensagem, eu ainda tentei ler, mas a fraqueza aumentou e quando dei por mim parecia mais fraca a cada vez mais fraca e de repente tudo se apagou. Sei que ela ia me dizer alguma coisa, mas meus olhos se fecharam antes.

Aonde estou consigo ver, todos os dias de Outubro Julia vai ao meu encontro e coloca flores sobre onde estou, ela senta e conversa comigo como se eu estivesse ali, e depois lê a mesma mensagem que me enviou e  não consegui ler “Fernanda, eu te amo venha logo para que eu possa dizer isso pessoalmente”

mpre na expectativa de que tudo termine bem. Na verdade eu acho que seria mais um seriado daqueles bem estranhos aonde um episódio parece não estar conectado com o outro, sempre achei que se apaixonar fosse a coisa mais simples do mundo, mas a verdade é que nunca foi aliás acho que a única coisa mais complicada que se apaixonar foi assumir para meus pais que eu não era bem a menininha que casaria e daria a eles uns 3 netos, pelo menos não do modo que eles esperavam que fosse.

Meu nome é Fernanda, tenho 24 anos, mas todos dizem que pareço ter menos, tenho um péssimo senso de humor e quase sempre você vai achar que estou com raiva e não vai se aproximar de mim porque sentirá medo da minha fisionomia. Mas na verdade eu sou uma pessoa bem legal, só não acho graça das coisas que todos acham. Impressionante como o amor transforma os diferentes em comuns, e foi assim que eu descobri que apesar de toda a minha falta de humor eu era igual a todas as outras pessoas quando se apaixonam.

Já sei, você deve estar se perguntando, qual o nome dele? Como ele é? Bom o nome dela era Julia, sim eu sei que nesse momento você se assustou e pulou da cadeira, ou de onde estiver sentada, meus pais também reagiram assim, mas já falei disso lá em cima, então não percamos tempo com tanta futilidade. Julia era uma colega de faculdade tão indecisa quanto eu, digo isso porque nunca consegui saber o que teria acontecido entre a gente se eu tivesse tido coragem de dar o primeiro passo. Desde a primeira vez que a vi pensei um milhão de vezes em como seria se eu estivesse com ela se namorássemos, mas nunca tive coragem de dar uma palavra sequer. Falta de coragem impede muitos sonhos de acontecerem, é ruim dizer isso, mas é a verdade, perdemos muito tempo.

Todos os dias quando eu chegava na faculdade eu me preparava para dizer a ela o que eu estava sentindo, mas não saia uma palavra, eu tinha medo de muitas coisas, medo de dizer e ser rejeitada, ignorada, ostentada. Eu tinha todos os medos que eu dizia não ter. Porque temos tanto medo do que as outras pessoas vão pensar?

Porque tanto medo do que a sociedade vai dizer? Porque temos que viver condenados ao que parece normal? Não sei, mas o que sei é que estava bastante difícil pra mim dizer algo. Julia sempre falava comigo, as acho que ela sofria de bipolaridade, porque um dia ela estava muito sorridente e no outro parecia me ignorar como se não quisesse assunto algum comigo, então eu sentia um forte rejeição e resolvia desistir de tudo. Acho que em três meses eu desisti umas noventa vezes de tentar dizer alguma coisa.

Desistir, guarde essa palavra e depois apague-a de sua mente! Três meses se passaram nessa mesma situação, eu não suportava mais, era como se algo dentro de mim gritasse “Eu te amo”, mas aquele velho e já conhecido bloqueio social não me deixasse dizer, impressionante como lutamos a vida inteira por direitos iguais, mas somos diferentes para nós mesmos. Julia e eu  fazíamos todos os trabalho da faculdade juntas, íamos a quase todos os lugares juntas, almoçávamos juntas, e mesmo assim eu não encontrava um espaço sequer para dizer a ela sobre o que estava acontecendo comigo.

Você pede coisas quando reza e quase sempre Deus te dá oportunidades de conquistar tudo que pediu, mas você não percebe e desperdiça tudo, então acha que não está sendo ouvido e começa a pedir tudo novamente, imagino que tenha sido assim comigo. Éramos um grupo de quatro amigas na faculdade, e quase sempre fazíamos tudo juntas, Julia estava nesse grupo como já disse, e foi numa sexta feira que marcamos de ir ao cinema, as quatro. A oportunidade: as outras duas meninas me ligaram dizendo que não poderiam ir. Pensei em ligar para Julia e avisar, mas sabia que se eu fizesse isso ela também cancelaria e eu terminaria meu fim de semana sozinha num cinema comendo uns dois quilos de pipoca, então decidi deixar acontecer e depois de duas horas de espera Julia finalmente chegou.

Nos cumprimentamos como se fossemos duas estranhas, mas depois de quinze minutos já estava tudo bem, para meu espanto ela não se importou de estar sozinha comigo no cinema, assistimos ao filme, andamos como quem não quer nada, e no fim da noite eu finalmente tomei coragem de dizer o que estava sentindo, mas não consegui, minhas palavras travaram. Minha atitude sumiu novamente como acontecia quase todos os dias. Ela me olhava como se soubesse que eu queria dizer alguma coisa, mas não forçava nada. O telefone dela tocou e ela pediu licença para atender, eu claro concedi. Peguei o copo de refrigerante e comecei a beber como se não houvesse nada errado naquilo tudo. Ela falou rapidamente e desligou o telefone como se estivesse com pressa me deu um beijo no rosto e disse que ir. Foi o que eu disse das oportunidades. Muitas coisa poderia ter sido diferente se eu tivesse tido coragem, acho que eu estaria mais feliz hoje.

Depois de três anos de faculdade, eu ainda mantinha dentro de mim o mesmo sentimento por Julia, meu coração ainda acelerava quando ela passava, as minhas sensações eram exatamente as mesmas, inclusive a sensação de não saber o que dizer, eu só precisava de mais uma oportunidade, e tive. Haveria uma excursão na faculdade, iriam todos passar o fim de semana num sítio, para mim aquela era a oportunidade perfeita para me aproximar dela e dizer tudo de uma vez. Era outubro no Rio de Janeiro, iríamos viajar para Paraty uma cidade o interior do Rio, muito bonita por sinal, recomendo a todos, arrumei minhas malas com muita felicidade e ansiedade de ter Julia ao meu lado, liguei para as outras meninas e marcamos na frente da faculdade com o resto da turma.

Esperamos por bastante tempo, mas o ônibus tinha que sair, Julia não deu nenhum sinal, ela simplesmente não apareceu, fiquei bastante nervosa com a situação, afinal um dia antes ela havia dado garantia que iria. Peguei o celular e resolvi ligar, mas antes que eu discasse, uma chamada recebida apareceu no meu visor, era Julia. Atendi o celular com um pouco de arrogância, detesto que me deixem esperando, até pensei em dizer umas coisas pra ela nada boas, mas ela falou antes de mim que não poderia ir a viagem porque teve uns problemas pessoais, naquele momento tive vontade de desistir e voltar pra casa, mas eu ja tinha pago a viagem e desperdiçar dinheiro não faz muito o meu tipo, então apenas agradeci e desliguei o telefone como se nada tivesse acontecido.

Durante dois dias não consegui aproveitar nem metade da viagem, Julia não saia da minha cabeça, meus colegas da faculdade estava super felizes aproveitando cada cantinho do sítio em Paraty, mas eu não reagia a nada, só pensava nela em porque eu tinha a sensação de que ela também me amava, mas não dizia, porque tanto medo ? Não sei explicar como, mas de repente toda aquela dúvida se transformou em coragem. Arrumei minhas cosias e decidi voltar pra casa e dizer tudo o que eu sentia, decidi tomar uma atitude radical, assim fosse do jeito que fosse, não voltaria mais atrás. Saquei minhas últimas economias em um caixa eletrônico, entrei em uma loja de doces comprei uma rosa e uns chocolates, juntei tudo numa sacola, me despedi do pessoal da faculdade e decidi ir embora por conta própria.

Peguei o ônibus das nove da noite, a viagem seria longa, entrei no ônibus apenas pensando nela e em como seria bom se ela dissesse sim, como seria bom se ela também me amasse. Liguei para o celular dela e disse que estava voltando, não disse que era por ela, apenas disse. Ela deu uma gargalhada alta e disse que estava feliz que eu estava voltando, não entendi bem porque, mas foi exatamente o que ela disse, isso me empolgou de que poderia dar certo ela desligou o telefone e disse que me buscaria na rodoviária. O ônibus fez algumas paradas e em todas elas a única coisa que eu sabia fazer era pensar nela, a cada pensamento eu a sentia mais perto, eu podia sentira respiração dela ao meu lado, nunca me senti tão perto de realizar o desejo de anos. Não parecia mais tanta insensatez acreditar que ela também podia me amar.

Coloquei meu fone de ouvido e encostei a cabeça para tentar dormir um pouco em meio a tantos pensamentos, Outubro sempre foi um mês de chuvas que começam do nada e terminam do nada, mas aquele dia a chuva estava apertada e já durava umas duas horas, resolvi dormir um pouco para ver se isso encurtava a distância entre Julia e eu. Eu dormia e acordava de tanta ansiedade. Ainda estava tão distante eu não via a hora pensava nela como se fosse a última vez que iria vê-la.

Eu só queria mostrar pra ela que poderia fazê-la feliz, eu pensava mil coisas que poderia dizer a ela, me perdi em tantos pensamentos, que mal percebi um forte barulho, imediatamente tirei o fone de ouvido e tentei levantar, mas não consegui fui lançada contra a parede do ônibus, minha mochila caiu por cima de mim e a rosa com os chocolates que comprei foram lançados longe eu não fazia ideia do que estava acontecendo as pessoas no ônibus gritavam e eu novamente fui lançada, senti o ônibus girando e mais barulhos, parecia uma eternidade de acontecimentos, mas na verdade tudo isso deve ter acontecido em menos de três minutos.

Quando me dei conta estava presa nas ferragens do ônibus olhei para frente e vi meu celular e a rosa que eu daria a Julia, eu estava sem forças e não conseguia sentir meu corpo, tive a sensação de que estava escurecendo tudo em volta de mim, agarrei a rosa e uma lágrima caiu do meu olho como se fosse natural, estava escurecendo ainda mais e cada vez mais eu sentia fraqueza, tentei alcançar meu celular e quando finalmente consegui ele tocou Julia havia enviado uma mensagem, eu ainda tentei ler, mas a fraqueza aumentou e quando dei por mim parecia mais fraca a cada vez mais fraca e de repente tudo se apagou. Sei que ela ia me dizer alguma coisa, mas meus olhos se fecharam antes.

3544Aonde estou consigo ver, todos os dias de Outubro Julia vai ao meu encontro e coloca flores sobre onde estou, ela senta e conversa comigo como se eu estivesse ali, e depois lê a mesma mensagem que me enviou e  não consegui ler “Fernanda, eu te amo venha logo para que eu possa dizer isso pessoalmente”

Por: Rosemere Borges